Mais galego na Europa

Mais galego na Europa

O governo espanhol solicitou em 2023 à União Europeia que catalão, basco e galego passem a ser novas línguas oficiais da União Europeia. No caso do galego isto iria desaproveitar oficialmente a relação de proximidade com o português, relação que tem permitido até hoje o uso diário da nossa língua por parte de representantes galegos/as nas instituições europeias, uma prática que começou em 1996.

Nós entendemos que o português poderia ser o nosso melhor aliado para conseguirmos que a existência do galego seja oficialmente reconhecida. Contando com as e os emigrantes Europa fora, a nossa língua tem mais de 17 milhões de falantes no conjunto da União Europeia. 

Parlamento Europeio

Na União Europeia existe um precedente em que foram aceites duas modalidades de uma mesma língua por forma a incluírem falantes de dous (ou dois) sabores locais com certa autonomia; é o caso do alemão austríaco e o alemão comum.

Em 1994 publicou-se um protocolo linguístico dentro do tratado de adesão da Áustria à UE que permitiu às pessoas austríacas introduzirem a variedade local da sua língua passando a utilizar oficialmente a sua terminologia própria.

Abriu-se assim uma janela de oportunidade para outras variedades linguísticas ligadas a uma língua já oficial na UE, como poderia ser o caso do galego em relação à que internacionalmente se conhece como português.

Desse modo os direitos linguísticos de que já gozamos como galego-falantes através do português na UE poderiam ser alargados para todos os efeitos através da mesma fórmula, ou semelhante, à que austríacos/as tiveram para a sua variedade de língua dentro do alemão, e, por conseguinte, a UE poderia reconhecer a existência duma variedade galega de português.

Isto aplicado no português europeu consistiria no facto de reconhecerem a nossa variedade galega, sendo admitidas formas galegas de maneira oficial. Estas formas estariam relacionadas principalmente com léxico específico da nossa terra.

No caso do galego, poderia aplicar-se à terminologia administrativa, ao direito civil galego, agricultura e pesca, para além de outras formas galegas que reúnam o “nosso jeito” de ser e falar.

Parlamento Europeio exterior

É por esta razão que, ante a proposta espanhola de um maior reconhecimento oficial do galego na União Europeia nós, abaixo assinados, solicitamos:

• Às instituições galegas e espanholas, que realizem os trâmites necessários para assegurar que o governo da Espanha facilite o envio de documentação galega à União europeia em galego ou português com as adaptações ortográficas necessárias.

• Ao governo da Espanha, que apoie o reconhecimento duma variedade galega da língua internacionalmente conhecida como português facilitando a aprovação da sua consideração legal pela União europeia.

• Às instituições europeias, que reconheçam oficialmente a existência duma variedade galega de português.

• Às academias, associações e entidades comprometidas com o galego, pedimos-lhes que trabalhem conjuntamente entre elas e junto a UE para o reconhecimento da variedade galega do português na Europa.

• Pedimos às mesmas entidades que colaborem com esta iniciativa no que diz respeito a descrever o léxico específico ou técnico e nuances gramaticais ou de oralidade próprias, por forma a definirem as formas genuínas que conformam a variedade galega de português com o rigor que corresponde a uma língua de cultura latina.